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Ônibus é incendiado em Presidente Prudente

Suspeitos citam retaliação por morte de homem durante intervenção policial.

Um ônibus de transporte coletivo urbano foi incendiado na noite desta terça-feira (23), no Terminal Urbano da Zona Leste, em Presidente Prudente (SP). Uma mulher, de 38 anos, confessou ter comprado a gasolina utilizada no incêndio e foi presa.
 
Imagens da câmera de monitoramento presente no local mostram o momento em que quatro pessoas se aproximam do veículo estacionado e uma delas entra pela porta da frente. O motorista sai do banheiro e duas pessoas encapuzadas se aproximam com pedaços de madeira nas mãos. Um foco de incêndio começa na parte traseira do veículo e os envolvidos fogem do local.
 
O motorista relatou aos policiais militares que havia estacionado o veículo no terminal, localizado na Avenida Tancredo Neves, no Parque Alvorada, para ir ao banheiro e, ao sair, se deparou com três pessoas próximas ao ônibus. Os suspeitos disseram para ele ficar quieto pois iriam atear fogo no transporte devido a morte de um colega do bairro.
 
Os envolvidos entraram no ônibus, lançaram gasolina e atearam fogo. Em seguida, eles fugiram do local.
 
Os policiais foram até um posto de combustíveis e tiveram informações de que uma mulher havia comprado R$ 25 de gasolina no local. Ela teria entregado o combustível a um homem que é irmão de um rapaz que foi morto em decorrência de uma intervenção policial nesta terça-feira, no Residencial Vida Nova Pacaembu 3.
 
A mulher, de 38 anos, foi encontrada próximo ao local e, ao ser questionada, confessou ter comprado a gasolina e entregado ao irmão da suposta vítima. Na companhia de dois homens, ambos de 21, e um adolescente, o suspeito havia dito que “ia por fogo” no veículo.
 
O adolescente citado pela mulher foi abordado no bairro e negou a participação no crime, alegando que não sabia nada a respeito.
 
Os policiais apresentaram fotos do homem que recebeu a gasolina ao motorista, que o reconheceu “com bastante certeza”. Em relação aos adolescentes, o condutor disse ter dúvidas.
 
Diante dos fatos, a mulher e o adolescente encontrado foram levados até a Delegacia de Polícia Civil. O homem e o outro menor de idade não foram localizados até o momento.
 
Nas redes sociais, foram divulgadas imagens de vídeos que também mostraram o momento em que o ônibus pegava fogo.
 
Suposta retaliação
 
Durante o depoimento, o motorista contou que deixou o ônibus estacionado no local, porém ligado, para ir até o banheiro. No veículo não havia passageiros e ele estranhou a movimentação de algumas pessoas ao redor quando retornou.
 
Um dos suspeitos abriu a porta traseira do ônibus e outros dois vieram em sua direção, sendo um deles com um pedaço de pau nas mãos que chegou a “encostar a perna”, como se quisesse chutá-lo, mas não o agrediram.
 
Um dos suspeitos mencionou que “mataram um dos nossos lá e a gente veio aqui para queimar o ônibus e você fica na sua”. Em seguida, presenciou as chamas consumindo o ônibus, principalmente na parte superior do chassi.
 
Contou ainda que os pertences pessoais, tanto os documentos, quanto o celular, estavam dentro do ônibus e provavelmente foram queimados.
 
O motorista não reconheceu o adolescente encaminhado à delegacia, suspeito de ter participado do crime.
 
O menor de idade negou qualquer envolvimento com os fatos, bem como ter ido até um posto de combustíveis com o suspeito mencionado pela mulher.
 
Após ser ouvido, o adolescente foi liberado à mãe.
 
A mulher que confessou ter adquirido a gasolina foi presa em flagrante e permaneceu à disposição da Justiça.
 
Um inquérito policial foi instaurado e todo o procedimento policial será encaminhado à Justiça.
 
Homem morto pela PM
 
Um homem morreu em decorrência de disparos de arma de fogo durante uma intervenção da Polícia Militar, na tarde desta terça-feira (23), no bairro Residencial Vida Nova Pacaembu 3, em Presidente Prudente (SP). A morte do envolvido teria motivado o incêndio no ônibus de transporte coletivo urbano no terminal da zona leste, durante a noite.
 
O Corpo de Bombeiros explicou que não atendeu a vítima, já que foi constatado o óbito no local por um médico do Serviço de Atendimento Móvel de Emergência (Same).
 
A ocorrência foi registrada às 15h19 e as circunstâncias da morte serão apuradas pela Polícia Civil.
 
A Polícia Científica foi acionada para realizar a perícia no local.
 
Em nota oficial nesta quarta-feira (24), a Secretaria da Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP-SP) informou que o rapaz, de 23 anos, morreu "após entrar em confronto com policiais militares".
 
"Os PMs tinham ido a uma residência em busca de dois foragidos da Justiça. Ao ver os policiais, o suspeito atirou. Houve a intervenção, ele foi atingido e morreu no local. Na residência foram apreendidos uma quantidade de entorpecentes, três celulares e uma quantia em dinheiro", salientou a SSP-SP.
 
Ainda de acordo com a pasta estadual, posteriormente, o irmão do suspeito e outros dois homens incendiaram um ônibus coletivo no Terminal Urbano localizado na Avenida Tancredo Neves, no Parque Alvorada, na zona leste.
 
Uma mulher, de 38 anos, foi presa em flagrante após comprar um galão de gasolina e entregar aos suspeitos, que são investigados.
 
"Os locais foram periciados e as armas dos militares e do infrator encaminhadas à perícia. O caso foi registrado como morte decorrente de intervenção policial, legítima defesa, homicídio tentado e incêndio no Plantão da Delegacia Seccional de Presidente Prudente. A PM acompanha o caso", finalizou a SSP-SP.
 
Posicionamentos
 
Em nota a Prefeitura de Presidente Prudente informou por meio da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana e Cooperação em Segurança Pública (Semob) que assim que foi comunicada da ocorrência, destinou equipes para colaborar com as investigações, inclusive cedendo imagens das câmeras de segurança do terminal para as autoridades policiais.
 
Investigações no mesmo lugar
 
O delegado da Polícia Civil José Carlos de Oliveira Júnior afirmou, em entrevista concedida ao programa CBN Prudente, da rádio CBN Fronteira, que as investigações sobre a morte no Residencial Vida Nova Pacaembu 3 e o incêndio ao ônibus no Parque Alvorada serão conduzidas pela Delegacia de Homicídios da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic).
 
“Ontem nós tivemos um registro de um homicídio em decorrência de uma ação policial que aconteceu em Presidente Prudente. E, nesse caso do ônibus, nós estamos analisando que é uma conexão direta. Na verdade, não é nenhum movimento de organização perigosa, mas de parentes do rapaz que acabou sendo morto pela ação da Polícia Militar e essa pessoa que teria comprado essa gasolina, essa mulher, que acabou sendo autuada, ela teria repassado para o irmão desse rapaz, que é o autor, efetivamente, do fato de ter incendiado o ônibus”, relatou Oliveira Júnior.
 
“Essa menção já foi feita no Boletim de Ocorrência quando ele foi consignado e agora, por determinação nossa, o inquérito, como ele tem conexão com relação ao caso anterior da morte por consequência da intervenção policial, os dois casos vão ser tocados pela Deic de Presidente Prudente, da qual eu sou o direcionário, então, pela Delegacia de Homicídios, que vai tocar o primeiro inquérito com o que aconteceu na ação da PM e vamos tocar nessa questão do ônibus porque há uma relação, uma conexão entre os casos e, por isso, a partir de agora, as diligências vão ser feitas por lá, inclusive na tentativa de localizar esse rapaz e mais um terceiro, que também está envolvido, que já estão identificados. Inclusive, identificados pelo motorista do coletivo, para que as providências da polícia judiciária possam dar sequência”, detalhou o delegado.
 
Oliveira Júnior esclareceu que ainda não tem conhecimento da dinâmica que resultou na morte do rapaz do bairro Residencial Vida Nova Pacaembu 3 e que as informações sobre o caso que lhe chegaram foram repassadas pelo Batalhão de Ações Especiais de Polícia (Baep), que é um organismo da PM.
 
“Houve uma resistência por parte dessa pessoa, já era uma pessoa que registra vários antecedentes criminais, embora tenha uma idade de 23 anos apenas, mas muito conhecida nos meios policiais, acabou resistindo e acabou sendo alvejado e acabou não resistindo, vindo a óbito. A dinâmica da situação eu não tenho conhecimento ainda. Hoje, com essa questão do governador, desde ontem nós estamos acompanhando e eu ainda não tive acesso a toda essa documentação. Mas a sequência eu posso garantir, pelo que já foi colocado, que realmente foi uma posição feita por parentes dessa pessoa em querer dar uma retaliação, em querer, de alguma forma, provocar a ação do serviço público achando que, colocando fogo no ônibus, estaria dando alguma vingança, alguma coisa nesse sentido. Inclusive, está consignado lá no Boletim de Ocorrência, mas a linha vai acontecer”, afirmou.
 
“A investigação vai acontecer, eu acho que até nós temos mais segurança porque os dois inquéritos vão ser tocados pela mesma unidade e, no fim, nós vamos novamente esclarecer e dar satisfação para a sociedade, que merece. Não podemos deixar que uma situação dessa também, a população seja tão prejudicada com a falta de um transporte coletivo tão necessário em Presidente Prudente”, completou.
 
O delegado ainda disse que a Polícia Civil não tem indicações de que o caso do incêndio ao ônibus possa estar relacionado ao crime organizado.
 
“Não temos nenhuma situação que possa ligar isso com o crime organizado, com essas outras situações que a gente vê nos grandes municípios, quando acontecem manifestações de pôr fogo no ônibus. Nada disso. Foi uma situação particular, que acabou tendo essa postura dessas pessoas, e agora eles vão ser responsabilizados. Já tem uma autuação em flagrante pela compra do combustível e, agora, nós vamos seguir para localizar os autores que, realmente, colocaram fogo no ônibus para serem responsabilizados criminalmente nos caminhos da lei”, concluiu José Carlos de Oliveira Júnior.
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