- Atualizado em 15:35

Educação

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Polo da Anhanguera de Osvaldo Cruz garante que todos os alunos receberão diplomas, após repercussão de matéria da Rede CBN de Rádio

Matéria da CBN citou as redes Anhanguera Educacional, Fainam, Ibrepe, Novatec Educacional e SBTEC deixam alunos sem diplomas na Grande São Paulo

ESTADUAL - O Polo da Faculdade Anhanguera de Osvaldo Cruz emitiu uma nota nesta tarde (28) de que o teor desta matéria não se relaciona com o polo local e que o mesmo está devidamente regularizado e todos os alunos que ali estudam receberão seus diplomas.

A nota foi emitira após publicação em rede nacional e repercutida pelo Portal Ocnet de matéria da Rede CBN de Rádio de vários casos de alunos que frequentaram as redes de faculdades Anhanguera Educacional, Fainam, Ibrepe, Novatec Educacional e SBTEC teriam deixado estudantes sem diplomas.

Segundo a CBN, dois anos de estudo e mais de 10 mil reais perdidos em uma formação universitária falsa. Essa é a história de dezenas de alunos de São Bernardo do Campo, ABC paulista.

Eles concluíram a graduação, mas não conseguiram o certificado final. Foi quando se viram vítimas de uma fraude.

O Procon e o Ministério Público Federal em São Paulo investigam o grupo de faculdades que deixou os estudantes na mão. São elas: a Anhanguera Educacional, Fainam, Ibrepe, Novatec Educacional e SBTEC.

Os alunos contam que se matricularam inicialmente na Anhanguera de São Bernardo do Campo, em 2017.

No mesmo ano, a própria universidade transferiu os alunos para a faculdade SBTEC, que tinha como mantenedora a rede Novatec Educacional.

Os estudantes se formaram em 2019, passaram em todas as provas e fizeram trabalhos de conclusão de curso.

Mas quando foram requisitar o diploma entre o ano passado e o início deste ano, foram surpreendidos com a notícia de que a rede Novatec estava em recuperação judicial desde 2018 e impossibilitada pelo MEC de gerar diploma.

Marco Barbosa fez o curso de Processos Gerenciais. Foi por um e-mail enviado pelo próprio coordenador do curso que descobriu que nem ele, nem seus colegas receberiam o diploma.

"E aí ele disparou um e-mail dizendo assim, senhores aluno, a faculdade tá toda irregular, procure os seus direitos, vá a polícia, vá no PROCON, faça a denúncia no MEC, porque vocês não vão receber os seus diplomas."

Marco ainda tentou se inscrever para uma pós-graduação, quando descobriu que o curso de graduação nem mesmo estava válido pelo MEC.

Ele procurou a Universidade Anhanguera, onde se matriculou inicialmente, na tentativa de solucionar o problema. A faculdade sugeriu que ele refizesse o curso.

Agora desempregado e precisando pagar pensão, Marco tem medo de procurar emprego com uma formação falsa no currículo.

"O nosso curso já era, o que a gente pagou lá, não valeu nada. Eu fiquei tão indignado, tão assim desesperado porque eu assim com 38 anos não volto atrás dois anos. E agora eu tô desempregado. O meu currículo eu fico com medo de apresentar uma formação a qual o curso não é válido."

Em dezembro de 2017, a SBTEC foi vendida para o IBREPE, Instituto Brasileiro De Estudos e Pesquisas Educacionais e se fundiu com a FAINAM, Faculdade Interação Americana.

Flávio Andrade conta que a faculdade SBTEC chegou a pedir 180 reais aos alunos para imprimir o diploma, alegando que tinha uma parceria com outras faculdades para isso.

Mas após o prazo de três meses dado pela instituição, ele ainda não tem o diploma e não consegue mais entrar em contato com a faculdade.

"E assim eles mudam de local direto, uma hora tá num lugar, outra hora tá em outro, agora já tá decretando que não pode emitir o diploma. Então fica numa situação meio chata pra gente, a gente desempregado, precisando do diploma, procurando emprego, o mercado exige. E nós não temos esse diploma na mão por irresponsabilidade da faculdade."

Claudinei Pereira trabalha na linha de montagem de uma indústria. Apesar de não correr o risco de perder o emprego, ele precisa do diploma para ser promovido:

"As empresas elas até que admitem, mas passado algum tempo se você não não apresentar o diploma, você é demitido. O meu emprego não chegou a ficar ameaçado, mas pra almejar algo maior dentro da empresa, eu preciso, precisava, foi me pedido pra cursar a faculdade e agora eu tenho mas não tenho como provar."

A CBN tentou entrar em contato nos números de telefones e endereços de email cadastrados da SBTEC e FAINAM. Mas sem sucesso.

O Procon de São Paulo apura as denúncias dos alunos e solicitou ao grupo Anhanguera a documentação dos contratos de transferência dos estudantes, além da comprovação de venda da Novatec à rede IBREPE.

O Ministério Público Federal em São Paulo afirma que está na fase inicial de uma investigação envolvendo os grupos Anhanguera Educacional, Ibrepe, Novatec Educacional e as faculdades FAINAM e SBTEC.

Pelo menos 60 processos foram abertos na Justiça de São Paulo contra o IBREPE, desde 2018, todos por ex-alunos solicitando o diploma e pagamento de indenização. Na maioria deles, a empresa foi condenada.

Contra a Novatec, pelo menos 28 processos foram abertos. Em 20 deles, a empresa já foi condenada em primeira instância ao fornecimento do certificado e pagamento de 115 mil reais em indenizações.

Apesar de estarem cadastradas como empresas diferentes, a Novatec e o IBREPE possuem o mesmo advogado citado como representante nos processos: Rodrigo de Paula, com cadastro na OAB de número 38174.

A reportagem da CBN tentou entrar em contato com o advogado e os donos das empresas, por telefone e email, mas não obteve resposta. O CPNJ das empresas continua ativo.

Em pelo menos 18 dos processos na Justiça, o grupo Anhanguera também é citado. Em 8 ações, a universidade também foi condenada em primeira instância . Outros 4 processos ainda estão em andamento em primeiro grau.

Em nota, a Anhanguera afirmou que “vendeu a totalidade de sua participação social na Novatec, mantenedora da SBTEC, em dezembro de 2017, transferindo neste ato as cotas ao IBREPE, quando também transferiu a guarda de toda documentação dos alunos”

A universidade afirma que, portanto, “não possui legitimidade perante o MEC para promover a expedição de diplomas válidos em favor dos alunos da SBTEC”. A Anhanguera alega ainda que transferiu antes do pedido de Recuperação Judicial da mantenedora Novatec, que ocorreu em 2018.

A SBTEC foi descredenciada pelo Ministério da Educação por medida de supervisão e a mantenedora Novatec foi extinta dos registros do MEC.

No entanto, o IBREPE continua com a inscrição ativa no MEC, apenas com suspensão para programas de Bolsa.

Para ouvir a matéria da Rede CBN clique aqui

 

Casa Avenida 654 (educação) - 28/05/2021

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