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Caso Henry Borel: Justiça ouve testemunhas de defesa de Monique

Nesta quarta, são ouvidas testemunhas de defesa de Monique Medeiros, mãe da criança e que também é ré no processo.

RIO DE JANEIRO - A audiência de instrução e julgamento sobre a morte do menino Henry Borel foi retomada nesta quarta-feira (15). Serão ouvidas as testemunhas de defesa de Monique Medeiros, mãe da criança e que, junto com Jairo Souza dos Santos Júnior, o Dr. Jairinho, é ré no processo.

É a terceira sessão do processo, que é conduzido pela 2ª Vara Criminal da Capital.
 
Henry Borel morreu no dia 8 de março e, segundo denúncia do Ministério Público, foi vítima de torturas de Jairinho, na época padrasto e vereador do Rio. Depois, o político acabou tendo o mandato cassado por outros vereadores da Câmara Municipal.
 
Monique Medeiros, mãe do menino, também responde por homicídio triplamente qualificado, tortura e coação de testemunhas.
 
Foram convocados:
 
- Antenor Lopes – Diretor do Departamento-Geral de Polícia da Capital;
 
- Glauciene Ribeiro Dantas – Babá de Henry Borel dos 2 aos 4 anos de idade;
 
- Reinaldo César Pereira Schelb – Capitão da PM;
 
- Rafaela Pimentel Amaral – Melhor amiga de Monique;
 
- Bruno Bass – Cabeleireiro de Monique;
 
- Rosangela Medeiros – Mãe de Monique;
 
- Bryan Medeiros da Costa e Silva – Irmão de Monique;
 
- Ana Paula Medeiros Pacheco - Prima de Monique por parte de mãe.
 
- Natasha de Oliveira Machado - ex--namorada de Jairinho.
 
- Jairo Souza Santos, o Coronel Jairo, pai de Jairinho, foi ouvido nesta terça.
 
Delegado depõe
 
O primeiro convocado a depor foi Antenor Lopes. A defesa de Monique o questionou por que o inquérito da morte de Henry permaneceu na 16ª DP (Barra da Tijuca) e não foi transferido para a Delegacia de Homicídios.
 
“Não existe a remessa da DH, devolução para a DH e nem uma outra movimentação sobre enviar o inquérito para a DH. Quem decidiu, como decidiu e por que decidiu que ficasse na 16ª DP?”, questionou o advogado Thiago Minagé, da defesa de Monique Medeiros.
 
“Em momento nenhum esse caso foi para a DH. O caso foi registrado como violência doméstica, então não haveria porque ser registrado na DH”, afirmou Antenor Lopes, chefe do departamento de delegacias da Capital, responsável por nomear os delegados do município do Rio de Janeiro.
 
Antenor afirmou que Henrique Damasceno, titular da 16ª DP, ligou para ele para falar sobre a possibilidade de enviar o caso para a Delegacia de Homicídios da Capital, porque Henry Borel tinha morrido.
 
“Depois de conversar comigo, ele disse: ‘O correto é continuar aqui comigo. Eu vou dar prosseguimento'", relatou Antenor.
 
“Damasceno me ligou, a gente conversou, e eu disse a ele: ‘Olha, a atribuição é sua. Naquele momento, não havia porque remeter aquele fato a lugar nenhum’”, afirmou.
 
Antenor ainda destacou que, como diretor do Departamento-Geral de Polícia da Capital, não interfere nas investigações de nenhuma delegacia distrital.
 
“Eu conversei com o Henrique Damasceno [titular da 16ª DP, da Barra da Tijuca]. E disse para o secretário [de Polícia Civil, Allan Turnowski]: ‘Se ele acreditar que eles são inocentes, ele vai chegar e botar no relatório. Ele tem essa personalidade.’”
 
Reencontro sem palavras
 
Na terça-feira (14), durante a segunda audiência, foram ouvidas dez pessoas – uma testemunha de acusação, duas de defesa convocadas a pedido dos advogados de Monique e outras sete por Jairinho.
 
Na terça, Jairinho e Monique se reencontraram pela primeira vez desde que foram presos, em abril. Eles ficaram sentados em fileiras diferentes no banco dos réus. O ex-vereador chegou primeiro. A ex, quando entrou no auditório, nem sequer olhou na direção de Jairinho e permaneceu sem falar com ele.
 
Outros depoimentos
 
A atual fase do processo no Tribunal do Júri, presidido pela juíza Elizabeth Machado, começou no dia 6 de outubro, com o depoimento de dez testemunhas de acusação, em mais de 14 horas de oitivas.
 
Na ocasião, o ex-vereador participou apenas por videoconferência, do Complexo Penitenciário de Gericinó.
 
Filho mais velho de Jairinho depõe
 
Ao depor na terça, Luís Fernando Abidul, filho mais velho de Jairinho, disse que considera as acusações contra o pai injustas.
 
"O meu relacionamento é ótimo com os meus irmãos, tendo que enfrentar toda essa injustiça. Meu irmão de 9 anos chora toda noite. Ele sente muita falta. É desesperador. Como a gente explica isso? Que toda essa injustiça foi criada", afirmou Luís Fernando.
 
"Meu pai me criou com base no diálogo, na conversa, em exemplos. Sempre foi na base do amor", acrescentou.
 
A mãe do filho mais velho de Jairinho, Fernanda Abidul Figueiredo, disse que conhece o ex-vereador há 34 anos e que ele sempre foi muito gentil com todos, inclusive com os filhos de vizinhos.
 
Fernanda disse que não acredita no inquérito que aponta que Jairinho agrediu outra criança.
 
'Daqui a pouco você faz outro filho', teria dito Jairinho
 
Na sequência dos depoimentos, o policial civil Sigmar Rodrigues contou que esteve no hospital Barra D'or no dia 8 de março, para onde Jairinho e Monique supostamente tentaram socorrer Henry.
 
Sigmar disse que ouviu o ex-vereador falar para o pai de Henry: "Vida que segue, daqui a pouco você faz outro filho".
 
Naquele instante, o policial disse que precisou afastar Leniel Borel (pai de Henry) de Jairinho. Segundo Sigmar, esse episódio foi o momento de "animosidade" entre o ex-vereador e o pai de Henry.
 
Cabeleireira viu Henry mancar
 
A primeira a ser ouvida nesta terça foi Tereza Cristina dos Santos, cabeleireira que atendeu Monique em fevereiro e presenciou uma chamada de vídeo com Henry.
 
"Ela [a babá Tayná] estava mostrando que a criança estava meio mancando, que tinha machucado o joelho”, disse Tereza. A cabeleireira disse ainda que ouviu Henry perguntar na chamada: "Mamãe, eu te atrapalho?"
 
Colega confrontado por votação
 
Thiago K. Ribeiro abriu a fase de depoimentos pedidos pela defesa de Jairinho. Thiago, que foi colega de Jairinho na Câmara de Vereadores, disse que ficou “assustado” com a notícia de que o amigo foi indiciado pela morte de Henry.
 
“Até hoje não consigo entender o que aconteceu, não condiz com a figura que conhecemos nos últimos nove anos”, disse.
“Tinha mania de brincar com as crianças, levantar as crianças. Ele é uma pessoa muito carinhosa”, declarou.
 
O promotor Fábio Vieira dos Santos o questionou sobre a votação, quase por unanimidade, da cassação de Jairinho. Foram 50 votos pela perda do mandato e uma abstenção.
 
“Esse é um caso que estava na televisão 24 horas por dia, 7 dias na semana. O político pensa no impacto de um caso desses no mandato dele”, disse.
 
Tia de Jairinho: ‘Foi um acidente’
 
Herondina de Lourdes Fernandes, tia de Jairinho, é a dona da casa onde o ex-vereador e Monique estavam quando foram presos. “Eu tenho certeza absoluta que ele não fez isso”, disse.
 
A tia afirmou ainda que Jairinho disse que a morte do enteado “foi um acidente”.
 
'Meu filho não é um psicopata'
 
O pai de Jairinho, o deputado Coronel Jairo (Solidariedade-RJ), também prestou depoimento e disse estar convencido de que o filho não é responsável pelo crime.
 
"Eu me perguntei se tinha passado 40 anos morando com um psicopata, pode acontecer. Mas li muitos livros e psicopatia não encaixa com o Jairinho", defendeu o pai.
 
Roteiro previsto da sessão
 
Quarta: 15 testemunhas de defesa convocadas por Monique.
 
Ainda não há data marcada para a decisão do júri.
 
Acusação
 
Em outubro, duas testemunhas faltaram. O promotor de justiça Fábio Vieira dos Santos insistiu em suas oitivas, assim como as defesas de Jairinho e Monique.
 
São elas:
 
- Tereza Cristina dos Santos, cabeleireira que viu ligação entre Monique e Henry em um salão
 
- Leila Rosângela de Souza Mattos, empregada de Jairinho e Monique.
 
- Leila Rosângela mais uma vez faltou à convocação.
 
Defesa
 
Após esses depoimentos, as testemunhas de defesa convocadas pelas defesas de Jairinho e Monique Medeiros começaram a ser ouvidas. Como são muitos depoimentos, a audiência continua na quarta-feira (15).
 
A defesa de Jairinho, exercida pelo advogado Braz Sant’Anna, convocou:
 
- Thiago Kwiatkowski Ribeiro - foi vereador na Câmara do Rio ao lado de Jairinho e atualmente é conselheiro do Tribunal de Contas do Município;
 
- Herondina de Lourdes Fernandes – Tia de Jairinho;
 
- Coronel Jairo, pai de Jairinho e deputado estadual;
 
- Luiz Fernando Abidu – filho mais velho de Jairinho;
 
- Cristiane Isidoro – ex-assessora de Jairinho;
 
- Muriel de Albuquerque Nóbrega – Ex-companheira de Jairinho;
 
- Fernanda Abidu Figueiredo – Ex-companheira de Jairinho e mãe de Luiz Fernando;
 
- Rogério Baroni - Motorista da família;
 
- João Guilherme Câmara Santos – Ex-assistente de Jairinho;
 
- Ricardo Garcia de Góes – Médico legista;
 
- Sami Jundi – Médico especialista em medicina legal e perícia médica;
 
- Sigmar Rodrigues de Almeida – Policial civil.
 
O caso
 
Monique e Jairinho estão presos desde 8 de abril deste ano acusados pela morte do menino Henry Borel. De acordo com as investigações, a criança morreu por conta de agressões do padrasto e pela omissão da mãe. Um laudo aponta 23 lesões por 'ação violenta' no dia da morte do menino.
 
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