Polí­tica

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Decepcionado com a política, Pastor Charles desiste de reeleição na Câmara

Charles Ribeiro de Moraes (PSDB), não é candidato a nenhum cargo nestas Eleições

Foto: Câmara de Osvaldo Cruz Foto: Câmara de Osvaldo Cruz

OSVALDO CRUZ - A campanha eleitoral para as Eleições Municipais 2016 teve início efetivamente no último dia 16 com 124 candidatos às 13 vagas do Legislativo osvaldo-cruzense e dois para a cadeira de prefeito.

Da atual legislatura, dez vereadores buscam a reeleição, uma [Vera Lúcia Alves, a Vera Morena, do PP] concorre à vaga de prefeita e um [Adilson Brás Ballardini, do PV] à vaga de vice-prefeito. Apenas um não é candidato a nenhum cargo neste pleito.

Charles Ribeiro de Moraes, o Pastor Charles (PSDB) assumiu uma vaga no Poder Legislativo em janeiro de 2013 enquanto suplente de Edmar Mazucato (PSDB) que ora assumia interinamente a Prefeitura e, com a eleição dele no pleito suplementar naquele mesmo ano, o tucano então tomou posse para cumprir o mandato até o fim.

Em entrevista exclusiva ao Jornal Cidade Aberta, Pastor Charles revelou estar decepcionado com a política, o que o fez desistir de concorrer novamente a uma função pública eletiva. Outros fatores que teriam pesado na escolha seriam o tempo com a família e as funções como pastor evangélico, que exerce por vocação.

Jornal Cidade Aberta - Dos 13 vereadores da atual legislatura na Câmara Municipal de Osvaldo Cruz, o senhor é o único que não tenta uma nova vaga nas Eleições Municipais 2016. Por que o senhor decidiu interromper a vida política nacional, pelo menos de forma eletiva?

Charles Ribeiro de Moraes - Nesse momento eu resolvi interromper a minha vida pública eletiva pelo fato de uma decepção com a política de uma forma geral. A questão religiosa também pesou nessa escolha. Sou pastor evangélico e, além disso, também trabalho na vida secular [como agente penitenciário] e sou vereador. Me voluntariei para o pastorado, sinto um chamado para isso e tenho prazer em fazê-lo. No atual momento, a vida religiosa e a vida política estão avessas devido à questão nacional e você [enquanto político] acaba sendo julgado como um todo, o que acaba atrapalhando a função religiosa.

JCA - Houve alguma pressão ou essa escolha foi espontânea?

Pastor Charles - Foi espontânea. Pensei muito também na minha família. Estou decepcionado com a política. É claro que, ao entrar [na vida política], há uma grande expectativa daquilo que se pode fazer ou realizar, mas, na verdade, quando você está na política, percebe que não tem essa condição. A gente sabe que o [Poder] Legislativo não tem tanta força. E eu, na minha vida pessoal, já executo muitas coisas. Como pastor eu atuo na área social, na área espiritual, e isso me realiza muito. O que me decepcionou foi o fato de não poder fazer mais do aquilo que imaginei que poderia.

JCA - A experiência valeu a pena?

Pastor Charles - Valeu a pena sim. Sou grato a Deus pela oportunidade, sou grato a todos aqueles que me confiaram os seus votos para que os representasse na Câmara Municipal. Se eu não tivesse assumido essa vaga, ficaria sempre aquela ideia de que ‘se eu estivesse lá poderia fazer isso ou aquilo’. Então, já vivi essa experiência. Agora sei o que é possível e o que não é e sei que para me realizar, para me deixar contente com Deus, comigo mesmo, com a minha família e coma sociedade não preciso estar necessariamente em um cargo político.

JCA - A partir dessa experiência, o senhor acredita que política e religião não se misturam?

Pastor Charles - Não tenho esse pensamento. Eu acredito que é possível , tanto é que, hoje, temos muitos cristãos que estão na política e são muito bem sucedidos naquilo que escolheram fazer, porém, tiveram que optar em ter uma vida política e se ausentar um pouco da vida religiosa. Não deixam de ser cristãos. Não há um impedimento em ser cristão e ser político e alguns conseguem fazer isso muito bem. No meu caso, como sou o pastor titular de uma Igreja, achei melhor não estar na política.

JCA - Qual o balanço de sua atuação na Câmara?

Pastor Charles - Por ser debutante na política, acredito que fiz um bom trabalho dentro das possibilidades que o cargo permite, na atual conjuntura em que [a política] nas esferas federal e estadual está em decadência e os recursos municipais estão escassos. Eu fui um dos [vereadores] que tiveram o maior índice de projetos aprovados e que mais apresentaram indicações ao prefeito e sempre tive um bom relacionamento tanto na Câmara quanto com o Poder Executivo com o [prefeito] Edmar Mazucato. Apesar de ser inexperiente na política, acredito ter feito um bom trabalho.

JCA - O senhor acredita que possa voltar à vida pública no futuro?

Pastor Charles - Não posso dizer que ‘dessa água não bebo’ [risos]. Acho que tive uma experiência, que não foi amarga. Acredito que me saí bem dentro da função. Porém, embora não queira participar de um novo pleito neste momento, ‘o futuro a Deus pertence’. Se essa for a vontade de Deus, Ele vai colocar no meu coração e estarei de volta. Caso contrário, já dei a minha contribuição e estou feliz por isso.

JCA - Com a sua saída da vida pública, o senhor permanecerá ligado ao partido?

Pastor Charles - Sou filiado ao PSDB, continuo no partido e no grupo que apoia a candidatura de Edmar Mazucato à reeleição. Agora, futuramente não sei se permanecerei no partido, o que não quer dizer que vou migrar para outro. Caso saia do PSDB, estarei saindo da política partidária.

JCA - Uma vez que não é candidato, há um nome específico que o senhor apoiaria para vereador nesta Eleição?

Pastor Charles - Estamos apoiando os candidatos a vereadores do PSDB de uma forma geral, mas, em particular, o Bitinha [Luís Ricardo Spada Bonfim] e esperamos que ele venha a ter sucesso nestas Eleições.

JCA - Como avalia a atuação da legislatura atual da Câmara Municipal de Osvaldo Cruz?

Pastor Charles - São 13 cadeiras na Câmara e, por essa razão, acredito que poderia ser feito muito mais, pelo número de vereadores que nós temos. Acredito que todos atuando de uma forma efetiva e ativa pode-se fazer muito mais.

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