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Há um mês no comando, Galiotte muda Verdão e se distancia de Nobre

Com outro perfil da administração, novo presidente altera estrutura do futebol e vê relação com antigo mandatário esfriar

Maurício Galiotte e Paulo Nobre: uma relação estremecida (Foto: Cesar Greco / Ag. Palmeiras) Maurício Galiotte e Paulo Nobre: uma relação estremecida (Foto: Cesar Greco / Ag. Palmeiras)

PALMEIRAS - Um dirigente atuante nos bastidores e com identidade própria. Assim dá para resumir o primeiro mês da gestão de Maurício Galiotte no comando do Palmeiras.

Primeiro vice nas duas gestões anteriores, de Paulo Nobre, ele assumiu a presidência no dia 15 de dezembro ainda com uma imagem muito ligada ao antigo mandatário. Mas os seus primeiros atos mostram a nova cara da administração, que tem agitado politicamente os bastidores do clube.

Enquanto Nobre comandava o clube de sua sala na Academia de Futebol, o atual presidente mantém forte laço com os associados. Na sede social, Galiotte participa do dia a dia palmeirense e já utiliza parte do prédio administrativo do Verdão, que foi reformado recentemente com verba arrecadada entre os sócios.

Na prática, o presidente marcou o início de sua gestão com mudanças importantes na estrutura profissional do clube. Além da saída da diretoria de comunicação, o dirigente demitiu três médicos e um fisioterapeuta. A reformulação, que já havia sido iniciada na troca do técnico Cuca por Eduardo Baptista, foi colocada em prática para fortalecer a filosofia de trabalho daqui para frente, mais com a cara de Galiotte: ver o departamento de futebol funcionando com uma equipe fixa, independente de trocas pontuais, seja de treinador ou qualquer outro membro da comissão.

Ao mesmo tempo em que o diretor Alexandre Mattos ganhou mais força e autonomia no departamento de futebol palmeirense – o atual presidente é apontado como menos centralizador em comparação ao antecessor –, é de Galiotte a responsabilidade de alguns dos principais assuntos da vida palmeirense neste começo de 2017: a renovação de contrato com a Crefisa e a contratação de um centroavante renomado.

Borja, do Atlético Nacional, da Colômbia, é um desejo antigo e caro, mas o nome de Pratto recebeu atenção especial do mandatário. As tratativas com o Atlético-MG não avançaram, conforme revelou Mattos na semana passada, mas é certo que o nome do atacante argentino agrada bastante à cúpula alviverde.

Para a saúde financeira do clube continuar sendo motivo de alívio e não de preocupação, a renovação de contrato com a Crefisa precisa sair do papel. E é aí que o presidente usa de toda sua experiência como "bombeiro" da gestão Nobre – Galiotte sempre foi o principal articulador palmeirense, principalmente em momentos de crise com parceiros – para tratar diretamente com Leila Pereira o vínculo que será válido pelos próximos dois anos.

O otimismo para a assinatura do contrato é grande dos dois lados. Inclusive com reajuste, o que faria o Verdão saltar de R$ 66 milhões anuais de patrocínio – com bônus de R$ 12 milhões para pagar os valores da transferência de Lucas Barrios – para cerca de R$ 90 milhões por temporada. Tal fato mostra ainda mais a independência em relação ao antigo presidente.

O assunto, porém, ainda não está totalmente sacramentado por causa do imbróglio envolvendo Leila Pereira e Paulo Nobre. Em um dos últimos atos, o ex-presidente tentou impugnar a candidatura da presidente da patrocinadora ao Conselho Deliberativo. O assunto é tratado pela alta cúpula palmeirense, mas Leila e seu marido, José Roberto Lamacchia, tiveram candidaturas protocoladas pela chapa liderada por Mustafá Contursi, que comandou o clube na década de 1990, para o pleito do dia 11 de fevereiro.

A definição positiva da candidatura de Leila – isso distanciou Nobre da administração Galiotte, que mantém boa relação com a empresária – e a renovação de contrato de patrocínio devem ocorrer depois da eleição.

Um fato que é prova da boa relação entre presidência e Crefisa é o mercado de chegadas de jogadores neste início de 2017. A patrocinadora atendeu a um pedido do presidente e assumiu os valores pelas chegadas de Alejandro Guerra e Fabiano, além da compra dos 50% dos direitos econômicos restantes do atacante Dudu.

Na parte esportiva, a nova administração assumiu uma equipe em paz com seu exigente torcedor. Com um legado positivo deixado por Paulo Nobre – caixa reforçado, jejuns superados e autoestima elevada –, a torcida palmeirense sonham mais alto em 2017. Será Maurício Galiotte capaz de levar o Verdão ao bicampeonato da Libertadores? A resposta virá nos próximos capítulos da nova gestão.

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