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Dilma e Aécio respondem a indecisos e mantêm acusações no debate final

Eleitores indecisos participaram, fazendo perguntas aos presidenciáveis

NACIONAL - Os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) participaram na noite desta sexta-feira (24) na TV Globo do último debate antes do segundo turno da eleição. Além das perguntas entre si, os candidatos responderam a questões do dia a dia formuladas por eleitores indecisos. Nas respostas, ambos mantiveram a troca de acusações e ironias de outros debates.

O debate começou às 22h08 e durou uma hora e 50 minutos. Terminou pouco antes da meia-noite, horário limite permitido pela Lei Eleitoral.

Foram quatro blocos: o primeiro e o terceiro tiveram perguntas entre os candidatos; no segundo e no quarto, Dilma e Aécio responderam a questões de eleitores indecisos selecionados pelo instituto de pesquisa Ibope, que estavam no auditório e foram escolhidos por sorteio pelo mediador William Bonner. No quarto bloco, os candidatos também fizeram as considerações finais.

Por sorteio, Aécio abriu o primeiro e o terceiro blocos, Dilma, o segundo e o quarto.

Os eleitores indecisos “escreveram perguntas sobre 14 temas de interesse geral”, informou William Bonnner na abertura do debate. “Foram selecionadas as 12 questões mais representativas. E aqui, ao vivo, eu vou sortear oito delas.” Bonner explicou que o próprio autor leria a respectiva indagação. Sem improvisos ou acréscimos, sob pena de ter o microfone cortado e ser substituído por outro indeciso que não quebrasse a confiança da Globo.

Os indecisos são seres implacáveis. Inquiridos por eles, Dilma e Aécio ofereceram missangas retóricas, sorrisos e um certo ar de respeito humanista. E os indecisos, proibidos de replicar, olharam para os candidatos com suas feridas expostas e semblantes crispados. Indecisos não têm tempo para cultivar desejos abstratos. Seus objetivos são concretos.

“Meu nome é Elizabeth da Silva Gomes Andrade. Tenho 48 anos e sou dona de casa. A maioria dos bairros próximos de onde eu moro têm esgoto a céu aberto, quando chove, as pessoas perdem um pouco do que puderam conquistar. O que impede, de verdade, os governos resolverem esse problema?”

Com seu rebolado de general de cavalaria, Dilma aproximou-se da eleitora sem candidato. “Elizabeth, uma boa pergunta”, ela disse. Para a Dilma, todas as interrogações de indecisos são boas perguntas. “Eu tenho um compromisso com o futuro, Elizabeth. É acelerar essa questão do tratamento e da coleta de esgoto. Nós estamos colocando, hoje, R$ 76 bilhões em parceria com Estados e municípios.”

Na sucessão de 2010, a Globo já havia incluído os indecisos na coreografia do último debate. Nessa ocasião, coube a Melissa Bonavita, uma operadora de telemarketing do Rio, inquirir Dilma sobre saneamento: “Moro num bairro onde, nas proximidades, tem um valão imenso. Algumas vezes, em épocas de chuva, o valão transborda, provocando doença nas pessoas. O que será feito para melhorar o saneamento no país?”

Eis o que respondera a Dilma de quatro anos atrás: “Melissa, essa é uma das mais importantes questões. Queria te dizer que eu tenho um compromisso, que é resolver de uma vez por todas uma das questões mais graves do Brasil, que é a questão das enchentes, principalmente nas regiões metropolitanas. [...] Vou triplicar os valores investidos em saneamento —tratamento de esgoto e tratamento de água. [...] Vou investir em saneamento porque o Brasil tem de zerar o déficit em saneamento.”

Ou seja, no futuro da presidente sempre cabem todos e cabe tudo, pois o futuro não pode ser apalpado. O tucano José Serra, adversário dela na corrida presidencial de 2010, estava nos estúdios da Globo na noite passada. Deve ter gargalhado em silêncio. Ele criticara Dilma por não eliminar os impostos cobrados das companhias estaduais de saneamento. “O governo federal duplicou os impostos sobre saneamento”, afirmara Serra em 2010. “Isso tira R$ 2 bilhões das companhias estaduais por ano. E diminui os investimentos no setor.”

Aécio Neves, defensor da mesma providência, ecoou Serra na resposta à indecisa. “Elizabeth, eu não vou terceirizar responsabilidades. Presidente, vou cumprir o meu papel. O primeiro deles é desonerar as empresas de saneamento do PIS. A candidata prometeu. E não cumpriu.” Não é difícil perceber por que Elizabeth é uma eleitora indecisa.

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