Educação

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Rede estadual de SP enfrenta saída recorde de professores

A redução ocorreu tanto entre concursados (-6%) como entre não efetivos (-16%)

Leonardo Moi Lijo, 26, que pediu exoneração, diz que escola foi 'abandonada' por governo e alunos (FolhaPress) Leonardo Moi Lijo, 26, que pediu exoneração, diz que escola foi 'abandonada' por governo e alunos (FolhaPress)

ESTADUAL -  A rede estadual de ensino de São Paulo vive neste ano uma saída recorde de professores. O corpo docente para as escolas públicas encolheu 11% em relação a 2014.

A redução ocorreu tanto entre concursados (-6%) como entre não efetivos (-16%), segundo dados da Secretaria de Educação do governo Geraldo Alckmin (PSDB).

O Estado tem a maior rede de ensino do país, com 3,8 milhões de estudantes.

A redução no número de professores é a maior pelo menos desde 1999, primeiro ano com dados disponíveis, tanto para o total de docentes quanto para os efetivos.

Em termos absolutos, significa que há hoje 26,6 mil professores a menos do que no ano passado (considerando setembro). Em relação aos efetivos, são 8.300 a menos. A rede possui 224 mil docentes.

As informações foram tabuladas pela Folha com base em boletins da Secretaria da Educação e no portal da transparência estadual.

Desde 2010, a quantidade de docentes só crescia. A saída atual de professores não tem relação com a reorganização das escolas anunciada em setembro pelo governo, que valerá apenas em 2016.

Críticos da mudança, porém, afirmam que o fechamento de colégios tende a acelerar a saída de professores –a gestão Alckmin nega.

Versões

A Apeoesp (sindicato docente) e quatro professores que deixaram a rede afirmam que a greve neste ano frustrou parte da categoria –estimulando a saída dos servidores. Mais longa da história do Estado, a paralisação acabou após três meses, sem que o governo tenha apresentado proposta de reajuste salarial (os docentes pediam 75%).

Eles interpretam que, devido ao desânimo, houve aumento nas exonerações e nos pedidos de aposentadoria.

A Secretaria de Educação, por sua vez, diz que não houve grandes anormalidades no corpo docente neste ano.

De acordo com a pasta, parte da redução é explicada pelo concurso público feito em 2013, em que os professores aprovados começaram a trabalhar em 2014.

Ao entrar na rede, o professor tem carga reduzida. No ano seguinte, pode aumentar essa carga, diminuindo a necessidade de temporários.

O governo não explicou, porém, por que caiu também o número de efetivos.

Outro ponto não explicado: houve redução no número de professores dos anos iniciais do ensino fundamental, que não foram abrangidos no concurso público.

A redução no número de professores desse grupo foi de 11% em um ano.

"Não me sentia bem na escola. Ela está abandonada pelo governo e pelos alunos", afirma Leonardo Moi Lijo, 26, que lecionava história em Cidade Ademar (zona sul da capital paulista), pediu exoneração neste ano e atua agora apenas na rede particular. "Fiquei sem perspectiva."

Quando um professor deixa a rede, a escola tem de chamar substituto. Além da quebra na sequência de trabalho, pode não haver docentes disponíveis imediatamente.

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