Economia

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Na batalha pela periferia, Skol deixa a Heineken para trás

Cerveja mais popular do Brasil ainda é a preferida em bares populares, segundo estudo do banco Credit Suisse feito na cidade de São Paulo

NACIONAL - A Skol, marca de cerveja mais popular do país, já viu dias melhores? A premissa de grande parte dos executivos do setor e de analistas que acompanham o mercado cervejeiro brasileiro pode não refletir a realidade. Um relatório divulgado no início da semana pelo banco Credit Suisse mostra que a Skol, e que sua fabricante, a Ambev, seguem dominando o mercado de bares na periferia de São Paulo, maior mercado consumidor de cerveja do Brasil.

O Credit Suisse visitou 80 bares paulistanos com a preocupação de replicar a distribuição geográfica da cidade – com resultados que, segundo o banco, chegam a 11% de margem de erro. Setenta e um por cento da amostra era de bares afastados do centro de São Paulo e com foco num público de baixa renda. Resultado: a Skol é a marca mais vendida segundo os donos de bares em nove das 11 regiões pesquisadas. A Original, também fabricada pela Ambev, e a holandesa Heineken, dona da Schin no Brasil, levaram primeiro lugar nas duas regiões mais ricas da cidade. Na região de Itaim e Vila Olímpia, 38% dos bares sequer vendem Skol.

A dominância da Ambev se explica, em partes, por sua reconhecida capacidade de distribuição. Todos os bares de baixa renda pesquisados vendiam cervejas da marca, e 77% deles as recebiam diretamente da fabricante. A Heineken, por sua vez, estava presente em apenas 47% dos pontos de venda voltados para consumidores de alta renda, e estava em apenas 41% dos voltados à baixa renda. A distribuição, segundo o Credit Suisse pode levar a Ambev a ganhar participação de mercado. “70% dos bares visitados reportaram problemas de distribuição com a marca Heineken, mencionando algum tipo de falta de produto”, diz o relatório.

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Outra vantagem competitiva da Ambev, segundo o banco, é sua segmentação de marcas. A marca Heineken, sozinha, tenta competir em três segmentos de preços diferentes — de 14 a 27 reais o litro, segundo o Credit. Concorre, dependendo da embalagem e da ocasião, com Corona, Stella Artois, Budweiser, Original e Serra Malte, todas da Ambev, além de Amstel e Eisenbahn, da Heineken. Um problema para a Heineken pode ser um acordo de distribuição com a Coca-Cola, que está em fase de renegociação. “Acreditamos que os envasadores da Coca podem estar priorizando o crescimento de volume para a Heineken (já que eles a distribuem), em vez de cuidadosamente desenvolver a marca na sua segmentação de preço”, diz o relatório.

Segundo um executivo que acompanha de perto o mercado cervejeiro, a falta de produtos da Heineken nos pontos de venda pode ser um golpe para as pretensões da companhia de ganhar terreno no mercado brasileiro. “Se o consumidor busca a marca A e não encontra, o risco é ele provar a marca B, gostar, e depois não voltar a procurar a outra”, diz. “Por outro lado, a dominância da Skol em regiões mais populares se explica pelo preço. Dois reais, para este público, fazem muita diferença, o que pode não ser verdade em áreas mais ricas”.

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