Economia

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Com expectativa de inflação em 4,2%, cortes na Selic podem ser interrompidos

Na reunião realizada nos dias 6 e 7 deste mês, a taxa básica foi reduzida para 6,75% ao ano, no 11º corte seguido

Se houver mudanças no cenário, pode haver nova redução moderada, segundo o CopomArquivo/Marcello Casal Jr/Agência Brasil Se houver mudanças no cenário, pode haver nova redução moderada, segundo o CopomArquivo/Marcello Casal Jr/Agência Brasil

NACIONAL - O ciclo de cortes da taxa básica de juros, a Selic, pode ser interrompido na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), em março. De acordo com a ata da última reunião, divulgada hoje (15), o Copom afirma que “caso o cenário básico evolua conforme esperado, o comitê vê, neste momento, como mais adequada a interrupção do processo de flexibilização monetária”, ou seja de redução da Selic. Na reunião realizada nos dias 6 e 7 deste mês, a taxa básica foi reduzida para 6,75% ao ano, no 11º corte seguido.

Entretanto, o Copom ressalta que essa “visão para a próxima reunião” pode se alterar e levar a uma redução moderada adicional na taxa, se houver mudanças na evolução do cenário básico e do balanço de riscos. O Copom afirmou que seus próximos passos continuam dependendo da evolução da atividade econômica e das expectativas para a inflação.

Para o Copom, a inflação deve ficar em torno de 4,2%, em 2018 e 2019. A meta de inflação para 2018 é 4,5% e para 2019, 4,25%. Nos dois anos, há um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para baixo ou para cima do centro da meta. Em 2017, a inflação fechou o ano abaixo do centro da meta (4,5%) e do limite inferior (3%), em 2,95%.

Para alcançar a meta, o BC usa como principal instrumento a taxa a Selic. Quando o Copom aumenta a Selic, a meta é conter a demanda aquecida, e isso gera reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando o Copom diminui os juros básicos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação.

“Todos [os membros do Copom, composto pela diretoria do BC] concordaram que a recuperação da economia apresenta maior consistência. Nesse contexto, entendem que, à medida que a atividade econômica se recupera, a inflação tende a voltar para a meta”, diz a ata. O Copom reiterou que devido aos atuais níveis de ociosidade da economia, revisões pequenas na intensidade de recuperação do país não levariam a mudanças na trajetória esperada para a inflação.

Na análise para decidir sobre a taxa Selic, o Copom informou que levou em consideração as oscilações recentes dos preços de energia elétrica e dos combustíveis.

O comitê também avaliou que “uma frustração das expectativas sobre a continuidade das reformas” como a da Previdência” e “ajustes necessários” na economia brasileira podem afetar prêmios de risco (retorno adicional aos investidores por correr maior risco de calote) e elevar a trajetória da inflação.

Cenário externo

No debate sobre os próximos passos, o comitê avaliou, na reunião, que a interrupção do processo de cortes da Selic seria favorecida não só pela “recuperação mais consistente da economia” brasileira, mas também por “uma piora no cenário internacional”.

Os membros do comitê avaliaram que, no mundo, há perspectivas de retorno das taxas de inflação para patamares mais próximos da meta, em países países centrais (que comandam a economia mundial), além de elevação de salários nessas economias. Para o Copom, isso reforça o cenário de continuidade do processo de normalização das taxas de juros desses países, como os Estados Unidos. A expectativa é que isso ocorra de forma gradual. “Mas a trajetória prospectiva da inflação de preços e salários pode tornar esse processo mais volátil [com fortes oscilações] e produzir algum aperto das condições financeiras globais”, disse.

Uma elevação das taxas de juros nos Estados Unidos estimula os investidores a vender ações na bolsa de valores e a comprar títulos do Tesouro norte-americano, considerados os papéis mais seguros do planeta. Dessa forma, propiciam a fuga de capitais de países emergentes, como o Brasil, para cobrir prejuízos em mercados de economias avançadas.

Mas os membros do Copom destacaram a capacidade da economia brasileira de “absorver eventual revés no cenário internacional, devido à situação robusta de seu balanço de pagamentos e o ambiente com inflação baixa, expectativas ancoradas e perspectiva de recuperação econômica”.

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