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Prefeitura recupera animais furtados do canil e sacrifica dois com leishmaniose

Fato virou caso de Polícia. Voluntários de uma ONG defendem que há cura para doença

OSVALDO CRUZ - A Prefeitura de Osvaldo Cruz recuperou, na última sexta-feira, 10, dois, dos três, cachorros furtados do canil municipal no dia 1º deste mês. Os animais estavam em uma casa utilizada pela Sociedade Protetora dos Animais no cruzamento da avenida Max Wirth com a rua Kiefer.

Os animais furtados estavam, segundo o departamento de Vigilância Epidemiológica, contaminados com leishmaniose e tinha autorização dos proprietários para serem eutanasiados.

O terceiro cachorro contaminado, e que teria sido furtado do canil, foi devolvido para o dono.

Caso de Polícia

O furto dos animais virou caso de Polícia, uma vez que a Prefeitura comunicou o fato à Polícia Civil.

Na sexta-feira passada, a Polícia Militar foi chamada até a casa onde os animais retirados do canil estavam mantidos e precisou conter os ânimos de voluntários que trabalham com a proteção dos animais que estavam inconformados com a retirada dos cachorros.

Ação isolada

Através de nota, a Associação Protetora dos Animais informou que a retirada dos animais do canil municipal foi uma ação isolada e não tem ligação com a entidade.

A nota ainda informa que os demais animais, que já estavam na residência citada pela matéria, foram recolhidos das ruas e estão para adoção.

Ainda de acordo com a nota, a entidade garante que “estava estudando se o imóvel poderia se tornar um espaço legal judicialmente para abrigar os cães”.

A nota também cita o apoio da Prefeitura na questão de adequar o canil municipal. De acordo com a Sociedade Protetora dos Animais, “a Prefeitura de Osvaldo Cruz procurou adequar parte do Canil Municipal para uso da entidade, levado em consideração que lixão (que fica próximo ao Canil) está desativado para resíduos orgânicos, eliminando praticamente 80% dos mosquitos transmissores de doenças do local”.

Por fim, a nota informa que “em reunião com o prefeito Edmar Mazucato (PSDB), o mesmo determinou estudos para instalação adequada para o recolhimento e abrigo dos animas da entidade, inclusive com baias e salas para castração”.

Tratamento não é indicado

Procurados, os médicos veterinários da Prefeitura de Osvaldo Cruz, Marcelo Candido da Silva e Marcelo Gomes Morelli, enviaram nota onde afirmam que o recolhimento dos animais contaminados, da casa usada pela Sociedade Protetora dos Animais, aconteceu após reunião junto ao Ministério Público.

Ainda de acordo com a declaração dos veterinários, a casa que servia de abrigo para os animais não reunia boas condições.

“Fomos a essa casa que não é habitada e encontra-se abandonada e insalubre (sem água e esgoto), cujas condições são prejudiciais à saúde e provocar doenças. Por isso recolhemos os dois cães”, afirmam os médicos.

Além disso, os veterinários da Prefeitura citaram uma decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF 3) que declarou a nulidade da Portaria interministerial dos ministérios da Saúde e Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Portaria n° 1.426/2008, que proíbe o tratamento de cães com Leishmaniose Visceral Canina por meio de produtos de uso humano ou de medicamentos não registrados pelo Mapa.

O esclarecimento feito pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) garante que “o tratamento da Leishmaniose Visceral em animais oferece risco à saúde da população; O tratamento não promove a cura da doença e o animal contaminado continua sendo hospedeiro e fonte de contaminação por meio do mosquito transmissor”.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), somente a adoção de medidas integradas, como o uso de inseticidas e a eutanásia dos cães contaminados, é que poderá garantir a segurança da população e da saúde humana.

“Portanto, até que a cura para a doença seja cientificamente comprovada, o posicionamento institucional do CFMV e dos Conselhos Regionais é pelo não tratamento da doença, garantindo assim a segurança e proteção à saúde pública, em conformidade com a legislação federal, Decreto n° 51.838/1963, código penal e recomendações sanitárias”, finaliza a resolução.

Grupo defende tratamento

Toda a polêmica que envolveu o sacrifício dos animais gerou revolta em voluntários que trabalham em prol dos animais. Nesta semana, em contato com à imprensa, o grupo fez um alerta à população: leishmaniose tem cura.

Ainda de acordo com os voluntários, ninguém é obrigado a entregar os animais – mesmo que estejam contaminados pela doença.

“Para a lei ninguém obrigado a entregar o seu animal (a prefeitura não precisa sacrificar). Isso não sou eu que estou falando, são os veterinários, especialistas que trouxeram o tratamento para o Brasil, então é mais ou menos assim que funciona, Se fizer um exame de Leishmaniose em todos os cachorros, mais de 70% dará positivo, e isso não quer dizer que esses 70% ou mais desenvolva a doença”, afirmou o grupo.

Os defensores da causa explicaram ainda que o cachorro não transmite a doença para seres humanos.

“O cachorro só é o hospedeiro, o cachorro é a mesma coisa que o homem, então quer dizer que teremos que matar todos os seres humanos de Osvaldo Cruz que tiverem leishmaniose positivo? Porque o que é passado pela prefeitura em todas as residências é que você tem que entregar o seu animal com Leishmaniose porque a população corre o risco de ser contaminados, e isso não existe porque não é uma doença contagiosa. Quem passa essa doença é o mosquito, e como controla? Ele vem da sujeira, folhas secas, local escuro, úmido e resto de fezes de animais. É assim que controla

Números em Osvaldo Cruz

Desde 2007, quando foi diagnosticado o primeiro caso da doença em seres humanos, já houve 49 casos na cidade (em pessoas) dos quais 5 (cinco) pessoas morreram. Em 2014 já são quatro casos em seres humanos.

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