Acontece

24774

PF aponta ligação do PCC com cartéis mexicanos

O PCC mandou cocaína para traficantes no México em teste; relação foi descoberta em ação contra quadrilha que usava Porto de Santos para tráfico

NACIONAL - Uma investigação da Polícia Federal apontou ligações entre o PCC (Primeiro Comando da Capital) e cartéis das drogas que estão entre os mais violentos do mundo. Ao testar uma nova rota, a organização criminosa brasileira mandou cocaína para traficantes no México. A relação foi descoberta durante uma operação contra uma quadrilha que usava o Porto de Santos para enviar drogas ao exterior.

Um cão farejador foi levado até os contêineres que carregavam algodão para exportação à Europa e confirmou a informação da polícia de que havia 55 quilos de cocaína dentro das malas. A cena se repetiu nos contêineres com café que iam para a Itália, onde havia mais 180 quilos da droga.

Flagrantes como estes se tornaram rotina no Porto de Santos, o maior da América Latina. Em um ano, pelo menos cinco toneladas de cocaína foram apreendidas em três grandes operações da Polícia Federal.

O jornalismo da Band teve acesso aos detalhes da operação que mais apreendeu droga , a Oversea. Os agentes federais descobriram o início de uma relação comercial entre uma quadrilha brasileira e uma mexicana. Um carregamento com 22 tabletes de cocaína, que partiu do Brasil, tinha como destino o porto de Vera Cruz, no México, onde estão dois dos grupos criminosos mais violentos do mundo. Era um teste, uma remessa para verificar se o esquema realmente funcionava.

Veracruz, no Golfo do México, é palco de um violento confronto entre os cartéis do Golfo e Los Zetas pelo controle do tráfico de drogas em várias cidades do norte e do leste do país.

A maior parte da cocaína exportada pelo Brasil vem da Bolívia e da Colômbia. Depois, segue principalmente para a África e Europa. Segundo a investigação, eles subornavam empregados terceirizados de armazéns para despacho de exportação, que colocavam a cocaína em malas no meio das cargas, usavam lacre falso e faziam fotos dos contêineres para facilitar a retirada pelos comparsas no outro continente.

Os funcionários recebiam da organização criminosa US$ 1500, cerca de R$ 3.300 por quilo da droga embarcada. No início, a quadrilha fazia remessas de 200 quilos de cocaína.  Depois, por causa das apreensões da polícia, passou a mandar em média 50 quilos por viagem para minimizar o risco de perda.

Por um ano, seis agentes trabalharam na investigação e identificaram três células criminosas atuando no Brasil – todas com ligação com a facção criminosa PCC.

Uma delas era liderada por um trio, que está preso. João dos Santos Rosa, Rodrigo Gomes da Silva e Ângelo Marcos Canuto são sócios de uma empresa de entregas na zona leste, que segundo a polícia servia para lavar o dinheiro do tráfico.

Ângelo foi expulso da Polícia Militar por roubo, em 1997. No ano passado, ele se tornou sócio de uma empresa que gerencia a carreira de jogadores de futebol. Ele também controlava um time amador na zona leste de São Paulo. O trio comprava a droga do boliviano Rolin Gonzalo Parada Gutierrez, conhecido como Federi. Investigado no Brasil desde 2009, Federi permanece foragido.

O segundo grupo tinha como base a cidade de Santos e era liderado por André Oliveira Macedo, o André do Rap. Era ele que cooptava os funcionários dos armazéns de despacho para esconder a droga nos contêineres. André também está foragido.

A terceira e última célula era chefiada por Suaélio Martins Leda. Dono de um sítio avaliado em R$ 20 milhões no interior de São Paulo, ele fazia negócios com traficantes colombianos.

Como a investigação passou a se intensificar no Porto de Santos, as quadrilhas decidiram usar outros canais de envio de drogas: a polícia apurou que, desde novembro, pelo menos 200 quilos de cocaína já saíram pelo Porto de Salvador.

Dê sua opinião

Não serão aceitas mensagens com conteúdo calunioso, difamatório, injurioso, racista, de incitação à violência ou a qualquer ilegalidade, ou que desrespeite a privacidade alheia;


Comentários
 
 
 
Fechar
Rádio Califórnia Rádio Clube Rádio Max Rádio Metropole