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Operação Abagnale desarticula quadrilha de estelionatários especializada em falsificar cheques

Em apenas dois casos registrados em Rosana, os golpistas causaram prejuízos de quase R$ 25 mil às vítimas

Em apenas dois casos registrados em Rosana, prejuízos passaram de R$ 20 mil (Foto: Polícia Civil/Cedida) Em apenas dois casos registrados em Rosana, prejuízos passaram de R$ 20 mil (Foto: Polícia Civil/Cedida)

REGIONAL - A Justiça, através da Vara Única do Fórum da Comarca de Rosana, decretou a prisão preventiva de dois homens acusados de integrar uma quadrilha de estelionatários especializada em falsificar cheques. As investigações realizadas pela Polícia Civil, através da Operação Abagnale, revelam que em apenas dois casos registrados em Rosana em setembro do ano passado os golpistas causaram prejuízos de quase R$ 25 mil às vítimas.

De acordo com a decisão do juiz substituto Luciano Siqueira de Pretto, “o modus operandi dos agentes é revelador da periculosidade social, pois os autos noticiam ‘golpes’ aplicados nas cidades” de Mirante do Paranapanema, Pirapozinho, Pongaí, Presidente Prudente, Rosana, Santo Anastácio e Taquaritinga, todas no Estado de São Paulo, além de Florestópolis, no Paraná.

Além de decretar a prisão preventiva, o juiz ainda recebeu a denúncia apresentada pelo Ministério Público Estadual (MPE), através do promotor de Justiça Renato Queiroz de Lima, contra os dois envolvidos pelos crimes de estelionato e associação criminosa.

Um dos golpistas já está preso, enquanto o comparsa encontra-se foragido.

Ambos, inclusive, já estiveram presos juntos em razão da prática de crimes de associação criminosa, uso de documentos falsos e estelionato, segundo o MPE.

Falsificação
Conforme a denúncia oferecida pelo MPE à Justiça, as investigações apontaram que em um dos casos registrados em Rosana os acusados falsificaram uma folha de cheque, dirigiram-se até o caixa de uma agência bancária e descontaram o valor de R$ 22 mil. O referido cheque havia sido emitido pela vítima no valor real de R$ 325 em favor de uma escola localizada na cidade.

Quatro dias depois, os acusados novamente falsificaram uma folha de cheque, dirigiram-se até o caixa do mesmo banco e descontaram o valor de R$ 1.979,50. Neste caso, o referido cheque tinha sido emitido pela vítima no valor real de R$ 100 em favor de um posto de combustíveis na cidade de Teodoro Sampaio.


Em razão do mesmo modus operandi, a Polícia Civil percebeu que poderia estar diante de uma verdadeira associação criminosa especializada na prática de crimes de estelionato e deu-se início à Operação Abagnale. O nome é uma referência a Frank Abagnale Jr., falsificador de cheques nos Estados Unidos, cuja história serviu de inspiração para o filme “Prenda-me se for capaz”.

Funcionário enganado
As imagens gravadas pelo sistema de monitoramento do posto de combustíveis em Teodoro Sampaio indicaram que momentos após a entrega do cheque pela vítima cliente do estabelecimento comercial um homem compareceu ao local e disse que precisaria ter acesso àquele título para fins de anotar os dados da cártula em seu controle pessoal de despesas.

Segundo a denúncia do MPE, um funcionário do posto, ludibriado, entregou uma cópia do cheque àquele homem que, então, em posse dos dados da cártula, pôde cloná-lo. O homem responsável pela obtenção da identificação do cheque é o acusado que atualmente está foragido.

As filmagens indicaram, segundo o MPE, o acusado enganando o funcionário do posto de combustíveis para ter acesso ao cheque e poder utilizar suas informações.

O acusado que atualmente está preso foi reconhecido pelos funcionários da agência bancária em Rosana como a pessoa que efetuou o desconto do cheque no valor de R$ 22 mil em setembro do ano passado.

O MPE destacou que, para realizar o desconto do cheque, o acusado apresentou um documento falso, “fato que demonstra a organização da associação criminosa”.

No curso das investigações, foi decretada a prisão temporária dos denunciados, agora convertida em preventiva, e após a captura de um deles “descobriu-se uma organizada associação criminosa especialista na prática de crimes de estelionato em diversos lugares do Brasil”, segundo a Promotoria.

Cheques preenchidos
As investigações apontam que o homem foragido era um dos responsáveis, com outras pessoas, por obter as folhas de cheques legítimas, ou apenas cópia dessas, junto ao comércio. De posse das informações dos cheques originais, o acusado era o responsável pelo envio a outra pessoa que realiza a falsificação do documento. O falsificador, que ainda não foi identificado, enviava os documentos já falsificados para os demais integrantes da associação criminosa, que eram os encarregados de descontar os cheques.

Com o acusado preso na cidade de Londrina (PR) – ele era uma dessas pessoas encarregadas de descontar os cheques –, foi encontrado farto material para falsificação e diversos documentos de outras pessoas, instrumentos seriam utilizados pela associação criminosa para a prática de crimes de estelionato, segundo a denúncia do MPE. Em poder do acusado, foram encontrados mais de 70 cheques, todos já preenchidos, mas sem o carimbo de apresentação à instituição financeira, de bandeira de diversos bancos, uns com sede em Minas Gerais, o que demonstra que a associação criminosa também agia naquele Estado.

As investigações descobriram que o acusado praticou um crime de estelionato em Florestópolis (PR), através da verificação de sua fotografia ao efetuar o desconto de um cheque falsificado pela associação criminosa em uma agência bancária naquela cidade.

“Destaca-se que em diversos cheques apreendidos constava o carimbo de ‘Bloqueado’, o que demonstra que a associação criminosa possui integrantes que trabalham nas próprias agências bancárias, e torna nítida a organização da quadrilha e o vínculo de estabilidade e permanência com que atua”, ressalta a denúncia apresentada à Justiça pela Promotoria.

Em uma demonstração da organização da associação criminosa, também foi apreendido com o acusado preso papel específico para falsificação de cheques, de documentos de identidade e de Carteiras Nacionais de Habilitação (CNHs).

“A falsificação de tais documentos pessoais serve para facilitar o desconto dos cheques também falsificados”, explica a Promotoria.

Foram encontrados, ainda, arquivos contendo planilhas bancárias de conversão numérica utilizados pela associação criminosa para criação do número sequencial que vai grafado no rodapé do talonário de cheques.

“Utilizando esse mecanismo, a associação criminosa, em posse de apenas uma folha de cheque, poderia produzir as demais folhas do talonário de forma sequencial, ludibriando o sistema bancário e qualquer comerciante, que receberia o cheque sem qualquer desconfiança”, enfatiza a Promotoria.

Foi assim que a associação criminosa conseguiu falsificar o cheque de R$ 22 mil da vítima em Rosana, pois o título apresentado na agência bancária havia sido falsificado através dos dados obtidos de uma outra folha do mesmo talonário.

“Destarte, ante a forma de atuação dos acusados, que junto com outras pessoas ainda não identificadas cometeram diversos crimes de estelionato em vários lugares, não há duvidar de que eles realmente são integrantes da quadrilha e que efetivamente cometeram os crimes retro narrados”, conclui o MPE.

Em sua decisão proferida na sexta-feira (20), o juiz substituto da Comarca de Rosana afirma que “a prisão dos averiguados está absolutamente amparada pela lei, havendo fortes indícios de autoria delitiva”. O magistrado acrescenta que “há prova da existência do crime e indícios suficientes de sua autoria”.

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