Delegacias da região estão em ruínas e sem delegados

ARAÇATUBA - Duas de cada três delegacias da Seccional de Araçatuba não possuem delegados titulares. Isso significa que das 31 cidades da região, apenas 12 contam com delegados atendendo a população todos os dias. No Estado de São Paulo, segundo dados da Associação dos Delegados de Polícia, dos 645 municípios paulistas, 206 também sofrem com a ausência da autoridade policial.



Esta é a realidade de Alto Alegre. Lá, o delegado Mauro Gabriel acumula os trabalhos com a delegacia de Penápolis, onde é titular. Drama também dos moradores de Turiúba, que dependem do pouco tempo do delegado José Jorge Bonato, que concilia o atendimento com Buritama. "Enquanto o Estado economiza ao não colocar um delegado em casa cidade, quem sofre é a população, que a paga a conta do mau atendimento e da falta de investigação", disse um dos delegados ouvidos pela reportagem e que preferiu não ser identificado com medo de represálias. "Nunca foi surpresa a falta de delegados, mas a situação chegou no limite e o governo fecha os olhos para a realidade", reforçou.



Para Marilda Bansonato Pinheiro, presidente da Associação dos Delegados do Estado de São Paulo, a falta de delegados é reflexo da política equivocada do governo paulista. "O governo acha que se resolve o problema com concurso, mas esquece que isso é ilusório, porque o delegado não permanece na carreira do Estado. Ele migra, ou ele vai pra outra carreira ou vai ser delegado em outro Estado porque não há nenhum atrativo em São Paulo para que ele permaneça." A maior prova do desinteresse pela profissão, segundo ela, é de que em novembro de 2009, 180 delegados tomaram posse no Estado. Um ano depois, 31 abandonaram a função. E o motivo dessa "debandada" seria o fato do Estado de São Paulo pagar o menor salário aos delegados em comparação com os outros.