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Assassinos atearam fogo em cabeleireiro antes de enterrá-lo

Corpo de Dênis Paiano da Silva foi encontrado nesta terça-feira (17). Criminosos pretendiam sequestrar a vítima e cobrar resgate de R$ 20 mil

Ferramentas foram usadas para escavar a cova em que o cabeleireiro foi colocado (Foto: Cedida/Polícia Civil) Ferramentas foram usadas para escavar a cova em que o cabeleireiro foi colocado (Foto: Cedida/Polícia Civil)

PRESIDENTE PRUDENTE - A Polícia Civil informou na tarde desta terça-feira (17) que os criminosos que assassinaram o cabeleireiro Dênis Paiano da Silva, de 29 anos, em Presidente Prudente, além de agredi-lo, atearam fogo à vítima antes de enterrá-la em uma área rural no distrito de Eneida. Três homens foram presos e uma adolescente, de 16 anos, apreendida, por suspeita de envolvimento com o caso. Os crimes identificados pelas investigações são os de latrocínio, que é o roubo seguido de morte, e de ocultação de cadáver.

O cabeleireiro estava desaparecido desde a madrugada do último domingo (15) e o corpo da vítima foi localizado na tarde desta terça-feira (17) enterrado próximo a um canavial em uma área rural no distrito de Eneida, em Presidente Prudente.

Segundo a Polícia Civil, os criminosos planejavam inicialmente sequestrar o cabeleireiro e pensavam em pedir à família um valor de R$ 20 mil pelo resgate da vítima. No entanto, por medo de serem identificados, decidiram posteriormente matar Dênis Paiano da Silva.

Na segunda-feira (16), o carro Hyundai HB20, pertencente ao cabeleireiro, foi encontrado na Rodovia Arlindo Béttio (SP-613), em Euclides da Cunha Paulista, depois de ter sido abandonado por dois homens, que conseguiram fugir em meio a uma mata, durante uma perseguição policial.

'Cruel'

O delegado Pablo França, da Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Presidente Prudente, relatou ao G1 que, logo depois de o desaparecimento ser comunicado à polícia, a corporação deu início a um rastreamento e a um monitoramento com todos os dados da vítima, autorizados pela família.

“Com essa autorização, nós conseguimos identificar uma pessoa que estaria utilizando coisas dessa suposta vítima. Passamos a monitorar essa pessoa e no final da tarde de ontem [segunda-feira(16)], que davam as 24 horas do desaparecimento, nós conseguimos efetuar a detenção dessa pessoa em Indiana, com muita dificuldade, porque ele fugiu da polícia, reagiu e resistiu à prisão”, explicou.

Após a detenção do primeiro suspeito, iniciou-se o interrogatório, no qual foram mostradas “contradições” no que o indivíduo dizia. “Aos poucos, ele foi passando os dados para nós. Com esses dados, foi possível identificar a região onde estaria o corpo”, disse França ao G1.

Nesta terça-feira (17), com mais prisões efetivadas e as divergências, a polícia foi fechando o cerco e localizou o corpo.

O “arrebatamento” da vítima foi feito pelos criminosos já com a intenção de praticar o roubo do veículo. “Durante a execução desse roubo, ainda por Presidente Prudente, eles modificaram a execução do roubo para um sequestro, com a intenção de ter R$ 20 mil. Levaram a vítima até o local onde encontramos o corpo, deixaram ela amarrada e em algum momento eles entraram em desespero, porque começaram a falar os próprios nomes e, nesse momento, mudaram a intenção e resolveram roubar, mas, para roubar, decidiram acabar com a vida da vítima”, relatou o delegado.

“E depois, de maneira muito mais cruel, colocaram fogo no corpo e o enterraram, praticando outro crime, que é ocultação de cadáver”, contou, ainda. Conforme o delegado, são crimes “muito graves”, com penas que podem chegar a 30 anos, no caso do latrocínio, e a três anos, pela ocultação de cadáver.

Resíduos de sangue

Ferramentas foram apreendidas pela polícia e, conforme França, foram utilizadas para ferir o cabeleireiro. Conforme o delegado, os criminosos buscaram “ajuda” com moradores do perímetro, dizendo que o carro havia atolado. “Essas pessoas emprestaram a enxada e a escavadeira e hoje identificamos quem era essa pessoa que emprestou, de maneira absolutamente não intencional, e encontramos até resíduos de sangue nessas ferramentas”, relatou o delegado.

De acordo com França, a corporação “tem certeza” de que dois indivíduos articularam e praticaram a execução do latrocínio. “Posteriormente a isso, estamos investigando outras pessoas, que auxiliaram de maneira dolosa, intencional, ou de maneira culposa, sem nenhuma intenção”, afirmou.

Duas pessoas já foram identificadas e, “por coincidência”, fugindo da polícia, de um cerco realizado em Teodoro Sampaio, elas praticaram um roubo contra um taxista e foram presas em flagrante. A dupla também será indiciada como participante do latrocínio de Dênis Paiano da Silva.

Abordagem

França destacou que a vítima “estava de boa fé, no seu direito e exercício conduzindo seu veículo, quando foi abordada por dois indivíduos, que, já de maneira dolosa, tinham a intenção de praticar um roubo, que, diante da personalidade de violência exacerbada dos dois, acabou levando ao latrocínio, que é o crime mais grave do Código Penal”.

Além do veículo, o celular da vítima também foi levado. “Eles imaginavam que vítima pudesse ter um cartão de crédito escondido para retirar esses valores [R$ 20 mil]”, comentou ainda o delegado ao G1.

Com os presos, a corporação tentará identificar qual foi a participação de cada um no crime. “Vamos tentar demonstrar qual é a intenção de todas as pessoas que tiveram acesso a esses dois indivíduos, para ver se elas auxiliaram na fuga, na manutenção ou na troca de roupa”, explicou. “Se comprovarmos o dolo de cada uma dessas pessoas, todas serão indiciadas. Obviamente, se estiverem de boa fé, serão ouvidas e liberadas”, acrescentou.

Toda a ação para o esclarecimento do caso contou com policiais civis da DIG de Presidente Prudente e da Polícia Militar.

Comunicação

O delegado frisou à população que, caso algum parente esteja desaparecido, a polícia deve ser “imediatamente” comunicada. “Isso facilita demais o trabalho de localização e um resultado mais satisfatório. Cada vez que demoramos 24 horas, 48 horas, por conta do dito popular de que há essa necessidade e não há, fica mais difícil a localização das pessoas”, explicou ao G1.

Sobre o caso de Dênis Poiano da Silva, França declarou que a comunicação foi imediata. O delegado relatou que a família costumava contatar a vítima todos os dias.

Como o cabeleireiro não atendeu às ligações, a polícia foi comunicada. “É isso que as famílias devem fazer. Não existe um horário específico legal. O que existe é que, se há uma rotina caracterizada, se seu ente saiu dessa rotina, denuncie à polícia. Mesmo que depois tenhamos de fazer um novo registro de engano ou de aparecimento de pessoas”, contou.

Ainda foi colocado pelo delegado ao G1 que, “quando a família teve ciência do desaparecimento, a vítima já estava morta, então, a polícia não teve chance de localizá-la com vida”. Porém, a rápida comunicação contribuiu com as prisões. “Certamente, se demorasse para vir a denúncia, não chegaríamos aos autores e nunca encontraríamos o corpo”, frisou. A corporação realizou buscas pelo canavial por um período de 16 horas, aproximadamente, devido às informações de onde estaria o corpo.

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